O primeiro webinário não poderia trazer tema melhor que a Sensibilidade, Diversidade e Territorialidade, isso porque o contexto atual pede uma reflexão e uma conscientização da sociedade e principalmente da escola.
A palavra mudança pode na maioria das pessoas causar desconforto, isso porque mudar muitas vezes não é uma tarefa fácil, podendo até se tornar um ato doloroso, trabalhoso e dependendo da mudança isso pode levar tempo. Mas é inegável que as mudanças acontecem e devem acontecer se for para melhorar, e é justamente isso que acontece com a educação.
A educação caminha para uma mudança quando busca entender que precisa formar pessoas e não máquinas de trabalho, que precisa respeitar a individualidade, a história, as emoções e o saber de cada estudante que adentra uma escola. Decorar conteúdos não forma cidadãos, decorar conteúdos não forma seres pensantes, mas forma pessoas com capacidade de reproduzir o que alguém já falou ou já fez.
Infelizmente a sensibilidade parece que nunca adentrou o campo da escola, talvez porque falar desse assunto não seja tão importante quanto decorar uma formula de equação química, ou porque talvez a educação seja pra aprender temas conteudistas e não temas emocionais que podem soar como fraqueza, bobeira e sem importância. Afinal os pais colocam os filhos para aprender algo de relevante e não para aprender a lidar com suas questões emocionais.
Mas esse pensamento tão desalinhado com a realidade é desastroso para todos, principalmente para esses pais que acabam perdendo seus filhos para depressão, suicídio, síndrome do Pânico e outras doenças que não só acometem os jovens, mas uma sociedade como um todo.
Sem dúvidas a Pandemia do Corona-vírus veio acentuar a urgência de reflexões sobre as sensibilidades. A mudança foi tão brusca e que abalou os alicerces de uma sociedade doente. Acredito que há males que vem para o bem, e que depois da Pandemia a escola terá um olhar mais cuidadoso pra cada aflição emocional dos seus estudantes.
O olhar para as diversidades só é possível se houver sensibilidade. O debate é o primeiro passo para romper com as barreiras do pensamento dicotomizado, que dá a entender que um é melhor que o outro, sendo que todas as partes são importantes para o todo. Razão não se separa da emoção, assim como a natureza não se separa da cultura.
A sexualidade, o gênero, o sexo, a língua, a cor, o corpo e a cultura só são motivos de segregação quando a sensibilidade não se faz presente no pensamento reflexivo, quando o outro não entende que um pensamento desconfigurado com a realidade fere a todos dentro da sociedade. O respeito, o diálogo, a capacidade de percebe-se no outro é uma forma de desconstruir a segregação. E a escola pode e deve ser o local de mudança de pensamento e de atitude, frente ao tema diversidades na educação.
A territorialidade é por sua vez um espaço de construção de saberes, de experiências, de aprendizagens e de debates sobre temas tão relevantes, como sexualidade, gênero, sexo, cultura etc. e não restringe-se ao espaço escolar. Entender que muitos povos aprendem sem ter ido à escola, mas que possuem conhecimentos por meio de suas experiências do dia a dia e adquirem saberes que são passados de geração em geração.
Portas, janelas e paredes não são fatores determinantes para haver trocas de conhecimentos, e a pandemia veio reafirmar isso. A modalidade remota de ensino e aprendizagem veio trazer desafios, tirou o desconforto da sala de aula dos professores e estudantes, desmotivou alguns, mas também veio ressignificar o papel da educação em tempos difíceis.
A escola é um território, mas o campo digital também deve ser. A escola tem que trazer para si a responsabilidade de estimular a reflexão nos seus estudantes sobre o que acontece na sociedade, mas deve utiliza-se de todos os artifícios e a tecnologia e ciência são eficazes nessa tarefa.
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