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Bio-logar: Transexualidade no Ensino da Biologia

Foto do escritor: Residência PedagógicaResidência Pedagógica

Atualizado: 20 de jul. de 2021

Seguindo a sequência do projeto Bio-logar, seguimos com mais um webinário, com o tema Transexualidade no ensino da Biologia, apresentado pelo residente Ygor Reis, destacando a importância da discussão da temática em sala de aula, muitas vezes não compreendido e por isso, evitado.


Quando trazemos questões de gênero e sexualidade para sala de aula, comumente durante as aulas de biologia, há uma tendência dos professores a ensinar a sexualidade, limitando-se à reprodução humana (SILVA, 2009; PENA, 2015), com foco nos órgãos reprodutores, direcionando o ensino para a heterossexualidade, ou seja, limitando á existência do gênero masculino e feminino, apenas.


Nesse sentido, as temáticas complexas vinculadas às relações de gênero, acabam não sendo discutidas e consequentemente, há muitas dúvida ( inclusive por parte dos professores) quanto ao conceito dos termos empregados. Esse fato foi claramente percebido nos nossos questionamentos durante a apresentação.


Sendo a sexualidade, um componente curricular presente no currículo pedagógico das escolas, é extremamente necessário compreendermos e discutirmos a transexualidade e outras questões de gênero no ambiente escolar, para dar oportunidade aos/às estudantes espaços pedagógicos para debater valores e comportamentos sexuais com vistas a instrumentá-los/as com informações científicas para que possam tomar decisões que favoreçam boas relações humanas e comportamentos comprometidos com a saúde.

‘’ Para você,o que é transexualidade?’’ Essa foi a pergunta de abertura do residente no início da apresentação, pergunta qual precisamos destrinchar vários outros conceitos e termos para conseguirmos responder.


Começamos com o conceito de sexo, que se refere ao sexo biológico, aquele que é definido pela combinação dos cromossomos e que resulta no órgão genital do indivíduo: pênis, vagina ou ambos os órgãos (SPINOLA-CASTRO, 2005). Gênero por sua vez, é uma construção SOCIAL que qualifica e diferencia pessoas, a partir da consideração de padrões histórico-culturais atribuídos para os homens e mulheres.

A identidade de gênero diz respeito à um indivíduo que pode se identificar em outra “categoria” de gênero além do feminino e masculino. Assim, o gênero não está somente relacionado à anatomia dos órgãos genitais.


Resumindo: sexo é biológico, gênero é social, ou seja, gênero se refere à maneira como o indivíduo se porta na sociedade, nem sempre se comportando de acordo com seu sexo biológico. A autoimagem da pessoa é o fator que mais se sobressai já que ela se define conforme a sua percepção de si mesma.


A identidade de gênero, por sua vez, diz respeito ao gênero ao qual uma pessoa se identifica, em outra “categoria” de gênero além do feminino e masculino. O sexo biológico não define o comportamento das pessoas: o que faz isso é a cultura, e isso muda de acordo com a cultura de que falamos.


E a sexualidade? Nada mais é do que “às formas como os sujeitos vivem seus prazeres e desejos sexuais” (LOURO, 2000, p. 6). Ou seja, a sexualidade tem a ver com a atração sexual-afetiva que uma pessoa sente por outra. Vamos falar disso depois.

A transexualidade por sua vez é definida como o não-reconhecimento de si a partir do seu sexo biológico. As pessoas transexuais são tratadas, coletivamente, como parte do grupo chamado de “transgênero”.


Para simplificar o entendimento, resume-se:

Mulher transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como mulher. Homem transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento como homem.

Assim, o que determina a condição transexual é como as pessoas se identificam, e não um procedimento cirúrgico de mudança de sexo, como muitos pensam.


Quanto à orientação sexual, uma pessoa pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual. A orientação sexual, então depende do gênero a qual a pessoa se identifica e do gênero com relação ao qual se atrai afetivo-sexualmente.


Uma pessoa transexual nem sempre é gay ou lésbica, mas geralmente são identificados como membros do mesmo grupo, o de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais –LGBT, ou , ampliando ainda mais: LGBTTTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Travestis, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e Pansexuais).


Vamos esclarecer: Queer são pessoas que, seja por sexo biológico, orientação sexual, orientação romântica, identidade de gênero ou expressão de género, não correspondem a um padrão cis-heteronormativo’.


Intersexuais por sua vez, se refere a pessoa que nasceu com uma variação nas

características sexuais que identificam cada sexo. As diferenças podem ser encontradas nos genitais, cromossomos, gônadas ou hormônios, que não coincidem com o entendimento binário padrão dos corpos - nem masculino, tampouco feminino.


Apenas recentemente foi realizada uma revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM – V (APA, 2014), onde a transexualidade deixou de ser qualificada como um transtorno, passando a compreender-se como uma disforia de gênero: “refere-se ao sofrimento que pode acompanhar a incongruência entre o gênero experimentado ou expresso e o gênero designado de uma pessoa”


E é por isso a importância de se tratar a transexualidade e nas escolas, principalmente, como uma estratégia no combate ao preconceito e à violência de gênero (BRASIL, 2004; MADUREIRA; BRANCO, 2015), uma vez já que as pessoas transexuais tendem a sofrer diferentes tipos de violência em casa, na escola, na rua, nos hospitais e em diferentes espaços.

 

Referências:


BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.


DE SOUZA, D. C. A. .; MELLO, T. M. .; CAIXETA, J. E. . Transexualidade: a invisibilidade na atuação docente em ciências e biologia. Ciências em Foco, Campinas, SP, v. 12, n. 1, 2019. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cef/article/view/9900. Acesso em: 7 mar. 2021.


JESUS, J.G. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília, 2012.


LOURO, G. L. Corpo, escola e identidade. Educação & Realidade, v. 25, n. 2, 2000

Santos, S. P., & Silva, E. P. de Q. (2019). Ensino de Biologia e transsexualidade. Ensino Em Re-Vista, 26(1), 147-172. https://doi.org/10.14393/ER-v26n1a2019-7


SPINOLA-CASTRO, A. M. A importância dos aspectos éticos e psicológicos na abordagem do intersexo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 2005

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Escrito por Marina Cavalcante

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