Você já pensou na possibilidade de ter características que não são suas, mas sim de outros organismos? Quem sabe você queira trocar a cor dos seus olhos castanhos pelos olhos azuis do seu gato de estimação. Antes que você pense que isso é coisa de ficção científica, vou logo dizendo que não é bem assim, mas muita calma nessa hora. Por enquanto você só terá olhos azuis por meio das lentes de contato, isso porque os seres humanos não são manipulados em laboratório como os organismos geneticamente modificados (OGM) ou Transgênicos.
Os transgênicos são organismos (animais, plantas, bactérias, fungos, vírus) que recebem um gene de um outro organismo que confere uma característica hereditária que não se tinha antes. Isso é possível através das técnicas da engenharia genética, onde manipulam o material genético (DNA) tanto do organismo que doa , quanto do organismo que recebe o gene. É importante salientar que nem todo ser geneticamente modificado é um transgênico! Para ser considerado transgênico é necessário receber genes de outros organismos.
Dentre os transgênicos mais conhecidos podemos citar as plantas, elas estão se tornando mais nutritivas, resistentes à secas, a pragas e a doenças, isso porque carregam um gene de um doador incorporado ao seu DNA com algum tipo de característica desejada para os agricultores, para sua alimentação ou para a economia.
A medicina também se beneficia dos transgênicos, e a insulina é um exemplo, os diabéticos que o digam. Para se obter insulina em larga escala, utiliza-se uma técnica de DNA recombinante, que consiste na extração de insulina humana das células pancreáticas, onde o gene da produção de insulina é isolado, em paralelo, o DNA plasmidial é extraído de uma bactéria e cortado pela enzima de restrição formando um plasmídeo vetor, em seguida o gene da produção de insulina é inserido no vetor plasmidial para formar o DNA recombinante e assim o DNA recombinante é introduzido em células bacterianas, formando bactérias recombinantes e ao final as bactérias recombinantes multiplicam-se em um tanque de fermentação e produzem a insulina humana, por fim a insulina é extraída e purificada, pronta para o uso.
Os transgênicos podem salvar vidas, mas também podem destruir o meio ambiente. A eliminação de pragas e ervas daninhas por meio dos transgênicos podem acabar com populações benéficas para a agricultura e para o ecossistema, como abelhas, pássaros , minhocas e outras espécies de plantas. As Plantas que recebem o gene de resistência aos agrotóxicos surgem com a necessidade de substituir o uso excessivo de agrotóxicos nas plantações, mas ao longo do tempo, as pragas e ervas-daninhas desenvolvem a mesma resistência e são chamadas de “super-pragas” e “super erva-daninhas”, para realizar o controle, aumenta-se o volume de agrotóxicos que poluem o solo e os rios, podendo ocasionar a perda da biodiversidade desses ecossistemas.
E como fica a nossa saúde com os transgênicos?
Para um organismo transgênico ser liberado, é necessário passar por longos estudos nutricionais e toxicológicos, com base nas normas de biossegurança, para averiguar se os genes a serem implementados podem ou não gerar problemas para a saúde humana. Sendo então liberados após a confirmação da inexistência ou baixa probabilidade de riscos.
Porém, apesar de todo o aparato de biossegurança, o consumo de transgênicos, podem acarretar problemas na saúde humana, como reações adversas de alergia, intolerância ou toxicidade.
Além disso, com o surgimento das “super-pragas”, os agricultores usam agrotóxicos cada vez mais potentes para combatê-las, e como já se sabe, resíduos de agrotóxico permanecem nos alimentos e esses alimentos são ingeridos por nós. Dentre os principais transgênicos comercializados no Brasil estão: milho, soja e algodão. E que dão origem a diversos outros produtos, como óleo de cozinha, cereais, bolachas, leite de soja e etc., mas vale lembrar que outros vegetais, como legumes, frutas e verduras também podem ser transgênicos .
Os problemas não se resumem somente ao consumidor final, mas abrangem também os trabalhadores de lavouras agrícolas que lidam diretamente com esses agrotóxicos que podem causar danos à saúde a curto ou longo prazo.
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Organizado por: Filipe Bacelo e Jaíne Fagundes
Referências Bibliográficas
CARDOSO, Silmara Heloisa Monteiro. TRANSGÊNICOS E O MEIO AMBIENTE.
BRANDÃO, Gorette. O que são os transgênicos? Disponível em : < https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/projeto-reacende-debate-sobre-alimentos-transgenicos/o-que-sao-os-transgenicos>. Acesso em Maio de 2021.
NODARI, Rubens Onofre; GUERRA, Miguel Pedro. Plantas transgênicas e seus produtos: impactos, riscos e segurança alimentar (Biossegurança de plantas transgênicas). Revista de Nutrição, v. 16, n. 1, p. 105-116, 2003.
MOTA, L. D. M. Agrotóxicos e transgênicos: solução ou problema à saúde humana e ambiental. Saúde & Ambiente em Revista, v. 4, n. 1, p. 36-46, 2009.
ROMERO, Rodrigo; ROCHA, Márcia Santos. O RISCO DO CONSUMO E IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS POR PRODUTOS TRANSGÊNICOS . Centro de Pós Graduação Oswaldo Cruz.
Muito banca essas alertas do texto! parabéns pela qualidade das informações.