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Práticas de Bioconstrução

carolinaguedes1968

A bioconstrução pode ser compreendida como uma forma mais ecológica e sustentável de se construir casas e estruturas diversas, que minimizam os impactos que seriam gerados a partir da construção convencional. Isso possibilita ao construtor utilizar da melhor forma os recursos naturais disponíveis no local, os que foram reciclados e reutilizados e as tecnologias limpas que foram desenvolvidas com esse intuito, podendo utilizar de materiais como areia, pedra, argila, madeira e até mesmo lona, garrafa de pet e de vidro, micélios de cogumelo, e tijolo de cannabis para bioconstruir, gerando uma infinidade de maneiras e junções de técnicas possíveis para a construção, assim como suas características arquitetônicas.


Falando em bioconstruir pensamos em quais são algumas das principais formas que costumam utilizar para, por exemplo, levantar uma casa e primariamente gostaria de falar de três delas, que possivelmente são as mais conhecidas, por serem técnicas utilizadas a bastante tempo e serem bem versáteis quanto aos materiais necessários, a da taipa de mão, a taipa de pilão e a de adobe.

A taipa de mão, também comumente conhecida como pau a pique, taipa de sopapo e taipa de sebe é uma técnica construtiva que é muito antiga e vernacular (que utiliza artesanalmente das madeiras locais disponibilizadas na região), podendo ser mais rústica ou elaborada, e consiste no entrelaçamento de madeiras verticais com vigas horizontais, geralmente de bambu ou de madeira rústica, amarrados por cipós, fibras vegetais e/ou arame, dando um aspecto de painel perfurado, que após ser preenchido com barro (argila), em torno de 40% (lembrando que o barro é um elemento reutilizável, que quando não cozido, pode ser triturado e umedecido para voltar ao estado original e, apesar disso, não é um elemento padronizado, podendo variar o tipo de areia, argila e outros agregados de cada lugar em que a terra é extraída, e precisa de um cuidado ao secar, porque a tendência dele é contrair e gerar fissuras) e cascalho, se transforma numa parede. O seu uso era frequente em zonas rurais, principalmente pelo fato de dispensar matérias primas importadas, e houve uma certa evolução na forma de aplicar a técnica, as madeiras deixaram de ser fixadas no solo, pois dessa forma apodrecem mais rápido, e os materiais utilizados para as amarrações passaram a ser mais resistentes. Essa técnica é bem comum no norte e no nordeste do Brasil, pelo fato de ser prática e pouco custosa, o que faz a população, principalmente do interior, aderir essa forma de construção.












Outra técnica ancestral e bastante presente ao redor do mundo, desde à antiguidade é a taipa de pilão, que se caracteriza pela construção de paredes a partir de uma forma que pode ser feita tanto de madeirites, quanto de tábuas ou de chapas metálicas, dispostas paralelamente entre si e presas aos pilares da obra. Este molde, como se fosse uma caixa comprida, vai sendo preenchido com a massa de terra pura, ou misturada cm palha seca, posteriormente o preenchimento, o molde é pilado com um pilão manual, com o intuito de compactar a terra com a finalidade que ela vire um monólito. Após o preenchimento completo de cada etapa, move-se a forma pra cima e repete o procedimento até finalizar a parede.



O adobe é caracterizado por um tijolo feito à base de terra, as vezes palha e água, que após serem misturados, essa massa de terra é colocada dentro de um molde de forma retangular com as medidas do tijolo, e depois esse tijolo é desenformado e fica secando por cerca de 15 dias em um local arejado. Após estar seco, basta retirar o tijolo e utiliza-lo na construção, o assentamento do tijolo normalmente é feito com a mesma massa que foi utilizado para a confecção dos tijolos. E para impermeabilizar os tijolos contra a umidade, é possível utilizar óleo de rícino ou óleos vegetais, aumentando assim, a durabilidade da construção.















Agora vou falar de algumas outras técnicas que não são tão conhecidas e tão utilizadas convencionalmente, mas que também seguem os princípios da bioconstrução e que são boas alternativas para se construir utilizando os materiais disponíveis, além de algumas delas serem bem inovadoras.

A primeira delas é o Cob, em que se utiliza para fazer a massa uma terra com 40 a 50% por de argila e palha seca, sendo possível utilizar também um pouco de areia a depender da porcentagem da argila. Sua aplicação se assemelha ao de uma massa modelar, em que se aplica a massa na linha da parede, diretamente sobre o chão, sem que haja o gradeado do pau a pique ou qualquer outro tipo de escora ou molde. Após a secagem da parede, ela vira um monolito, sendo configurada como uma estrutura bem resistente.




Podemos falar de outras duas técnicas interessantes que é o Superadobe e o Hiperadobe, que são como adaptações do adobe tradicional. O Superadobe consiste em ensacar a terra, pode-se utilizar praticamente qualquer tipo de solo que esteja disponível, inclusive com cascalhos, desde contenha parte de argila ou silte pra dar a liga. Essa terra, após umedecida e estar no ponto de farelenta, é colocada dentro de rolos de tubo plástico polipropileno, que vão sendo alinhados formando a parede, com o auxílio de arames farpados para sustentação, lembrando que o saco precisa ser incinerado no final da construção para auxiliar na aderência do reboco.



Em 1984 a técnica do Superadobe foi campeã em um concurso da NASA pra eleger a melhor forma de construir na lua e em Marte. Além disso, possui um bom isolamento térmico e de ruídos, por conta da espessura da parede, possui alta capacidade estrutural, podendo ser autoportante, ou seja, a parede pode receber o peso de um telhado e segundo o código habitacional da Califórnia, é resistente a terremotos e furacões.



O Superadobe é uma melhoria do Hiperadobe, desenvolvida no começo dos anos 2000 pelo brasileiro Fernando Pacheco, sua grande diferença é que não necessita de arame farpado entre as camadas, somente entre as juntas, arcos ou camadas inclinadas, além de utilizar os sacos de Raschel (mesmo material da tela de sombrite) ao invés do polipropileno, o saco também não precisa ser queimado, inclusive, seu material ajuda na aderência do reboco e sua vantagem para além disso é que a espessura final da parede é menor, economizando trabalho e terra. Em ambas as técnicas os sacos precisam ser pilados e moldados pra ficarem no formato da parede.






E por fim, queria trazer a técnica do solo-cimento, mas vale ressaltar que existem muitas técnicas, possibilidades (como banheiro seco, fossa de bananeiras, teto verde e utilização da luz solar para iluminação e aquecimento de água) e materiais distintos de construir utilizando os princípios da bioconstrução e aqui temos um recorte de alguns deles. Para essa técnica, utiliza-se 10 partes de terra pra 1 parte de cimento, isso, alinhado com o procedimento de prensagem, feito por uma máquina semi manual, em que o operador adiciona a terra e o cimento e movimenta uma alavanca que proporciona a compactação da massa num formato de tijolos. Após essa etapa, basta esperar secar por 7 dias e obtém um tijolo semelhante ao maciço de cerâmica, que é bastante utilizado para acabamentos em paredes de tijolo aparente.



As principais vantagens em buscar a bioconstrução são buscar formas mais ecológicas e sustentáveis de se construir, utilizando prioritariamente as matérias primas disponíveis, evitando gastos com materiais e com o seu transporte, além de poder repensar a forma tradicional que utilizamos pra construir, reciclar materiais para utilizar na construção, reutilizar o que poderia ir para descarte, dando algum uso, e reduzir os materiais que seriam necessários para a construção.

Temos nessas imagens algumas curiosidades em que há aplicações da bioconstrução, seja com novas técnicas, como é o caso da primeira e da segunda imagem, em que temos tijolos feitos de cannabis e construção feita a partir de micélios de cogumelos, seja com formas mais ecológicas e sustentáveis de se pensar em alternativas para algumas problemáticas; como é o caso do descarte de dejetos, representados na terceira e na quarta imagem, em que temos a bacia de evapotranspiração, conhecida como “BET”, ou fossa de bananeira, que requer alguns cuidados mas que é super funcional e, inclusive, produtivo, e o banheiro seco, que transforma os dejetos em adubo para árvores florestais através de um processo de aceleramento da decomposição pelo calor; e como é o caso do teto verde, utilizado pra um maior isolamento do calor e da incidência solar, além de trazer beleza ao ambiente e fornecer mais um espaço cultivável.






-Tuan Jurberg da Silva



Referências de conteúdos


https://publicacoes.amigosdanatureza.org.br/index.php/gerenciamento_de_cidades/article/view/2168#:~:text=Os%20resultados%20demonstraram%20que%20a,para%20impermeabilizar%20os%20tijolos%20adobes. > Fabri, A. A., dos Anjos Azambuja, M., & Battistelle, R. A. G. (2019). Construção com terra: adobe com adição de óleos vegetais. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, 7(53).



https://ipoema.org.br/7-tecnicas-de-bioconstrucao-para-fazer-uma-casa-ecologica/ > 7 técnicas de bioconstrução para fazer uma casa ecológica. IPOEMA, Instituto de Permacultura. (e acesso à cartilha)


Sites que pude recolher informações pertinentes e ter como base para a construção desse texto:




Recomendação de Instagram:

@ipoema_permacultura

@kema.arquitetura.ancestral

@jao_damasceno_

@marcosbotelho_arterra

@arterrabioconstrucao

@bioconstrucao.biohabitate

@mulheresnabioconstrucao

@bioconstrucao

@bioconstrucao.guaraciaba

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