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Você sabia que a Amazônia não é considerada o pulmão do mundo?
A Floresta Amazônica é considerada a maior floresta tropical do planeta. Abrangendo cerca de 6 países e 25 milhões de pessoas, possui sua maior extensão no norte do Brasil.
A Amazônia apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta, tendo ainda muito a se conhecer. Nessa medida, entender como a floresta fornece oxigênio para a atmosfera é fundamental.
Ao longo do tempo criou-se a ideia de por essa gigantesca biodiversidade de plantas, a Floresta Amazônica representasse o “pulmão do mundo”, isso ocorre porque as plantas, em seu processo de fotossíntese, liberam oxigênio para a atmosfera que vai ser utilizado pelos seres vivos em processos vitais, como a respiração.
E de fato, as plantas contribuem muito para a manutenção da vida na Terra, no entanto o caso da Amazônia apresenta algumas peculiaridades.
Isso ocorre pois a floresta atingiu um estágio, denominado clímax, em que a maior parte do oxigênio produzido pela floresta é consumido pelas próprias plantas, por meio do processo de respiração. A respiração é o processo inverso da fotossíntese em que se obtém a formação de CO2, água e energia, havendo consumo de de O2 (Portes, 2004; Marenco et al, 2014; de Oliveira, 1991)
Portanto, a partir disso pode-se concluir que a Amazônia não pode ser considerada o “pulmão do mundo”.
Mas então o que pode ser considerado o pulmão do mundo?
Em termos de produção de O2, as algas verdes se destacam como as maiores produtoras. As algas são organismos macro ou microscópicos, apresentando ampla variedade de modos de vida, de água doce ou salgada, fotossintetizantes, portanto autótrofos, são consideradas as principais produtoras primárias aquáticas, contribuindo diretamente com a contribuição global de oxigênio (Lacerda & Bechtlufft, 2013; Junior, 2007; Vidotti & Rollemberg, 2004).
Estima-se que as algas tiveram contribuições muito importantes para a vida como conhecemos hoje- sendo considerados os primeiros fotossintetizantes- na medida em que liberaram oxigênio na atmosfera terrestre primitiva, que juntamente a outros autótrofos possibilitaram a difusão de seres aeróbicos (aqueles que respiram oxigênio).
O fitoplâncton também se destaca como um grande produtor primário através da fotossíntese, nesse sentido influencia direta ou indiretamente em toda cadeia alimentar aquática, pois a matéria orgânica produzida por esses seres é fonte de alimento primária.
Essas algas microscópicas unicelulares apresentam ampla gama de formas, que são importantes para auxiliar em sua flutuabilidade, que é fundamental para mantê-los na região fótica, ou seja, região que recebe mais luz, a qual é fundamental para esses seres realizem a fotossíntese (Pereira, 2013).
Portanto, a partir disso pode-se afirmar que as algas verdes (principalmente as oceânicas) e o fitoplâncton contribuem mais diretamente em percentual com o oxigênio lançado na atmosfera do que a Floresta Amazônica, que consome o oxigênio produzido.
Os riscos enfrentados a partir da atividade humana
Embora a Amazônia não seja considerada o "pulmão do mundo" ela é muito importante para o planeta. A Floresta atua como um regulador térmico da Terra, controlando o ritmo de chuvas do Brasil e influenciando no clima de todo o planeta.
O desmatamento é uma atividade humana (na maioria das vezes ilegal) em que ocorre a derrubada de árvores -algumas com mais de 300 anos!- para venda da madeira para o mercado externo, podendo causar . Outra atividade de destaque que prejudica a floresta são as queimadas (também ilegais), para que se perca uma área da floresta que será usada para criação de gado (Ferreira et al, 2005). .
Essa exploração das florestas, e em particular, da Floresta Amazônica são realizadas pois muitas vezes o homem observar apenas o papel do dinheiro em detrimento do papel importantíssimo que a floresta em pé e saudável tem para a preservação da vida na Terra (Clement & Higuchi, 20; Ferreira et al, 2005).
O desmatamento e as queimadas contribuem para um fenômeno global que está intensificado nos últimos anos, as mudanças climáticas. As mudanças climáticas atingem diretamente as algas e o fitoplâncton, pois desequilibram as condições para sua sobrevivência. Alguns grupos de fitoplâncton, por exemplo, são produtores de toxinas que podem prejudicar a qualidade da água que será consumida por nós, com alterações nas condições de um rio ou lago, pode-se ter uma super produção dessas toxinas por uma reprodução descontrolada desses seres (Fonseca, 2012; Abramovay, 2018; Ferreira et al, 2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Portes, TA. Universidade Federal de Goiás, p.1-12 2004
Marenco, RA et al. Fisiologia de espécies florestais da Amazônia: fotossíntese, respiração e relações hídricas. Rev. Ceres, v.61, p.786-799, 2014
Lacerda, MJ & Bechtlufft, MP. Dosagem de oxigênio produzido por macroalgas. Revista Digital FAPAM, v.4, n.4, p.178-188, 2013
Junior, ATM. Algas e suas utilidades: do surgimento da vida em nosso planeta ao aquecimento global. Cadernos de Cultura e Ciência, v.2, n.2, p.28-30, 2007;
Vidotti, EC & Rollemberg, MCE. Algas: da economia nos ambientes aquáticos à biorremediação e à química analítica. Química Nova, v. 27, n.1, p.139-145, 2004
Pereira, LDA. Saber ecológico: o fitoplâncton e nossas águas. Livro apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática, da PUC Minas, 2013
Ferreira, LV et al. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos Avançados, n. 19, p. 53, 2005.
Clement, CR & Higuchi, N. A floresta Amazônica e o futuro do Brasil. Ciência e Cultura. v.58, n.3, p.44-49, 2006.
Fonseca, BM. Impactos de mudanças climáticas globais sobre algas e cianobactérias. Heringeriana Brasília v.6. n. 1, p. 49-51, 2012
Abramovay,R. A Amazônia precisa de uma economia do conhecimento da natureza. Instituto de Energia e Ambiente. Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental Universidade de São Paulo, 2018
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