A disseminação de uma patologia (doença) e/ou de um agente causador é designada por uma expressão, que é empregada de acordo com a escala de disseminação, que pode se restringir a um município, a uma região ou englobar mais de um país ou continente. Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar, em março de 2020, o então surto de Covid-19 que teve início em Wuhan, na China, como uma pandemia, este termo se tornou mais frequente em nosso vocabulário, mas você sabe dizer qual a diferença entre Pandemia, Epidemia, Endemia e Surto?
Surto: ocorre quando há aumento localizado do número de casos de uma doença. Por exemplo, pode ocorrer dentro de um hospital.
Endemia: ocorre quando a doença é recorrente na região, mas não há um aumento significativo no número de casos e a população convive com ela. Como por exemplo, a dengue que tem caráter endêmico no Brasil, porque ocorre durante o verão em certas regiões.
Epidemia: por sua vez, se dá quando ocorre um aumento no número de casos de uma doença em diversas regiões, estados ou cidades, porém sem atingir níveis globais. Em 1974, houve uma epidemia de meningite, pois teve um aumento muito grande no número de casos, mas localizados aqui no Brasil,
Pandemia: quando uma enfermidade atinge níveis mundiais, ou seja, quando determinado agente se dissemina em diversos países ou continentes, usualmente afetando um grande número de pessoas.
Quem define quando uma doença se torna esse tipo de ameaça global é a Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma pandemia pode começar como um surto ou epidemia, que foi exatamente o que aconteceu com a covid 2019. Os primeiros relatos de casos de SARS-CoV-2 surgiram no fim de 2019 na cidade de Wuhan, na China, até então configurava-se um surto. Em março de 2020, o vírus já havia se disseminado globalmente, levando a OMS a declarar a pandemia.
Outro exemplo de pandemia bastante conhecido é a gripe espanhola, que afetou o mundo em 1918 e matou de 30 a 50 milhões de pessoas. A doença se disseminou globalmente principalmente devido à movimentação de tropas durante a 1ª Guerra Mundial.
O que as ações humanas têm a ver com o surgimento de uma pandemia?
Muito embora existam livremente na natureza ou atinjam apenas animais, alguns vírus, que não causavam doenças em humanos, podem por ventura passar a causar e a degradação ambiental pode ser uma das razões de tal mudança. Quando destruímos o hábitat natural dos animais, tornamos o contato entre eles e os humanos mais frequentes, o que possibilita a transmissão de um agente desconhecido.
A princípio, esse vírus pode não ter a capacidade de ser transmitido entre seres humanos e se estabelecer na população. Mas ele pode encontrar uma forma de se adaptar a receptores humanos, reconhecê-los e, com isso, aprender a se replicar com eficiência. Ao encontrar uma população que nunca teve contato com ele e não tem anticorpos para combatê-lo, o vírus consegue se proliferar com mais facilidade, favorecendo sua transmissão para outras pessoas e ocasionando surtos, epidemias ou pandemias. Vale destacar ainda que os vírus na natureza têm a capacidade de sofrer mutações conforme sobrevivem na população, o que configura por exemplo, o surgimento de novas cepas ou variantes, muitas delas mais agressivas que a “versão original” do vírus, que podem causar doenças mais graves ou se espalhar com mais facilidade do que a variante original.
Como combater uma pandemia e como evitar que um surto ou endemia se propague em escalas maiores?
O combate de doenças infecciosas se dá especialmente pelas campanhas de vacinação. No entanto, enquanto a vacina ainda não está disponível para todos, a Ciência desempenha o papel de identificação do agente infeccioso, como ocorre sua transmissão e a partir daí definir outras estratégias de combate junto aos órgãos governamentais. Como por exemplo, recomendar o uso de máscara, distanciamento social, a higienização constante das mãos ou até mesmo proibir o consumo de algum produto ou alimento contaminado.
De acordo com a diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, Viviane Fongaro Botosso, “a ampla divulgação para a população sobre como se prevenir, o número de casos e a evolução das doenças, as medidas a serem tomadas, o que piorou e o que melhorou, enfim, tudo o que possa orientar a conduta correta das pessoas é muito importante”
A vacinação não configura apenas um cuidado individual, mas sim um ato de saúde coletivo, pois quanto maior o número de pessoas imunizadas, maior a possibilidade de se eliminar a circulação do agente e, com isso, preservar vidas. No entanto, quando as pessoas deixam de se vacinar, podem ocorrer “falhas vacinais” e, assim, doenças que eram consideradas eliminadas, podem voltar a ocorrer.
Por exemplo, em 2019, a reintrodução do vírus que causa sarampo, somado ao aumento do número de pessoas suscetíveis por não estarem vacinadas, surgiram novos casos de sarampo no Brasil e consequentemente o país perdeu o certificado de erradicação do sarampo que havia recebido em 2016 da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS).
Para que casos como o do sarampo não tornem a acontecer, evitar o surgimento de novas epidemias e pandemias é preciso que todos assumam a responsabilidade de manter sempre o cartão de vacinação em dias; que os pais e responsáveis vacinem suas crianças, que as medidas de segurança recomendadas pelos órgãos da saúde sejam tomadas a cada novo surgimento de surtos, pois como diz a cultura popular “é melhor prevenir do que remediar!”
Fontes:
Butantan. Entenda o que é uma pandemia e as diferenças entre surto, epidemia e endemia. Disponível em: <https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/entenda-o-que-e-uma-pandemia-e-as-diferencas-entre-surto-epidemia-e-endemia>. Acesso em: 09 fev 2023.
SindSaúde DF. Qual é a diferença entre pandemia, surto, endemia e epidemia? Disponível em: <https://sindsaude.org.br/noticias/saude/saude-mundo/qual-e-a-diferenca-entre-pandemia-surto-endemia-e-epidemia/>. Acesso em: 09 fev 2023.
Valverde, R. 2021. O que são mutações, linhagens, cepas e variantes? Fiocruz. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/o-que-sao-mutacoes-linhagens-cepas-e-variantes-1>. Acesso em: 09 fev 2023.
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