Hoje quero levar vocês numa viagem no tempo, mas nem vamos precisar muito longe, cerca de 120 anos atrás, antes da descoberta de um sistema revolucionário para a biologia e para a medicina: O sistema ABO.
Imaginem só, a pessoa chegar ao médico depois de um grave acidente, perder muito sangue e precisar urgentemente de uma reposição sanguínea, o médico então, caso fosse mais atento tiraria um pouco de sangue do paciente e testaria com o de outras dezenas de pessoas até achar uma combinação viável, se não fosse um bom médico, transferiria para a vítima o sangue de qualquer pessoa e veríamos o paciente ter uma morte bem dolorosa por aglutinação sanguínea.
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Tudo isso muda, quando em 1930, o ganhador do prêmio Nobel de medicina Karl Landsteiner resolve fazer um experimento, misturando seu sangue com o de outros colegas e observando o que acontecia. Em algumas situações o sangue aglutinava, formando uma espécie de coágulo; em outras, isso não acontecia. Esse foi o pontapé inicial para os estudos sobre os tipos sanguíneos e o sistema ABO.
O sistema ABO, nada mais é do que uma forma simplificada de categorizar os tipos sanguíneos que podem ser encontrados na espécie humana, que são: Tipo A, Tipo B, Tipo AB e Tipo O. Mas será que você sabe o que cada uma desses tipos significa?
O nosso sangue possui em sua membrana um tipo especifico de glicoproteína, chamada de aglutinogênio, portanto temos os aglutinogênios de tipo A e tipo B, conseguimos imaginar então que o tipo AB seja quando os dois estão presentes, certo? Mas e o tipo O? Bom, o tipo O ocorre na ausência de qualquer uma das outras proteínas.
Além disso, aqueles que possuem a glicoproteína de um tipo sanguíneo possuem também uma defesa natural ao tipo oposto chamada de aglutinina, que vai neutralizar uma glicoproteína invasora. De forma prática podemos entender que aqueles que possuem o sangue de tipo A, possui a aglutinina B e os que possuem sangue tipo B tem a aglutinina A.
Tá, quando é tipo A e tipo B fica fácil de entender, mas ainda temos mais 2 tipos, o tipo AB e o tipo O, esses dois casos são bem curiosos, no caso do tipo AB, ele possui as duas proteínas em sua membrana, tanto o tipo A, quanto o tipo B, sendo assim, ele não possui nenhum tipo de anticorpo de defesa. Já o tipo O ou tipo zero, não possui nenhum dos dois antígenos, sendo assim ele possui os dois tipos de aglutinina.
Muita coisa? Tenta olhar a imagem abaixo e que fica mais fácil.
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Essas características especificas do nossos sistema sanguíneo delimitam qual é o tipo de sangue que a pessoa irá receber no caso de uma transfusão, já que ao receber o sangue errado, podemos passar pela mesma situação do nosso amigo lá de 120 anos atrás.
Mas afinal, quem pode doar para quem? Agora ficou fácil, certo?
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O tipo Zero ou O, por não possuir nenhum Aglutinogênio não é visto como corpo estranho por nenhum organismo receptor, fazendo dele um doador universal, já o tipo AB, que não possui nenhuma aglutinina é tido como um receptor universal, podendo receber sangue de todos os outros tipos. No mais, A pode doar para A e B para B.
Não podemos esquecer também que tem outro fator determinante nessa história, o fator Rh, ou fator Rhesus, também deve ser levado em consideração na hora de uma transfusão sanguínea, mas isso é papo pra outro post que você pode conferir clicando aqui ou você pode conferir na nossa postagem no Instagram, clicando aqui.
Sendo assim, fica claro a importância que a transfusão de sangue possui, sendo fundamental em casos de cirurgias, acidentes automobilísticos ou doenças graves. O grande problema é que os estoques de sangue, como quase sempre encontram-se baixos em todo o Brasil, com o advento da pandemia as doações diminuíram, levando os estoques a um estado crítico.
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Então se você cumpre os seguintes requisitos, procure um local de doação mais próximo a sua casa e entre nessa corrente pela vida:
-Estar em boas condições de saúde.
-Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos, precisam de autorização dos pais).
- Pesar no mínimo 50kg.
Doar sangue é doar vida, faça você também a sua parte.
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Organizado por: William J. J. Silva
Referências:
BEIGUELMAN, Bernardo. Os sistemas sangüíneos eritrocitários. Funpec, 2003.
MONIZ, Priscila. Grupos Sanguíneos. Educação Globo. Disponível em: http://educacao.globo.com/biologia/assunto/hereditariedade/grupos-sanguineos.html Acesso em 02 de set. 2021.
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