Atualmente, a criação de gado para consumo humano é um dos principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa e poluentes na atmosfera. No Brasil, em 2019, a pecuária foi responsável por 73% das emissões de CO2, além de ser uma das principais causas do desmatamento. Mas, imagina se fosse possível produzir carne bovina utilizando menos recursos como água e área para pastagem, diminuir consideravelmente a emissão de gases e, além disso, não realizar o abate animal. É isso o que prometem algumas empresas responsáveis pelo desenvolvimento da carne cultivada em laboratório, no qual pode ser carne de bovina, suína, ovina, carne de aves, etc.
Na figura 1, é possível visualizar no gráfico uma redução significativa de uso de recursos e emissão de gases poluentes da carne cultivada em laboratório em relação aos mecanismos de produção atuais. Mas, como isso é possível?
A produção da carne de laboratório é possível, em grande parte, devido à capacidade de divisão celular, ou seja, a capacidade das células se proliferarem. Esse processo de divisão celular ocorre em algumas etapas que podem ser visualizadas na figura 2.
Essa etapas são:
Prófase: os cromossomos são encontrados espiralados, o nucléolo desaparece e os cromossomos dão origem ao fuso mitótico.
Prometáfase: os cromossomos são encontrados mais condensados, os centrossomos deslocam-se para os polos das células, também ocorre a fragmentação do envelope nuclear.
Metáfase: os cromossomos formam a placa metafásica, ou seja, encontram-se posicionados no plano equatorial da célula. Os cromossomos estão no seu grau máximo de condensação, sendo que as cromátides irmãs ainda estão unidas pelos centrômeros.
Anáfase: as cromátides irmãs são separadas e há o deslocamento dos novos cromossomos para as extremidades opostas da células, sendo assim a célula passa a apresentar conjuntos duplicados equivalentes de cromossomos em cada extremidade.
Telófase: nessa fase ocorre a formação dos novos núcleos e envoltórios das novas células, ocorre também o desaparecimento dos microtúbulos e os cromossomos se descondensam.
Citocinese: essa é a última fase da divisão celular, nela ocorre a divisão do citoplasma das novas células e a divisão celular está encerrada.
Agora que já sabemos como as células se proliferam, vamos entender um pouco mais sobre o processo de produção da carne cultivada em laboratório. O processo de produção da carne cultivada em laboratório está esquematizado na figura 3, apresentada abaixo:
Para que a produção da carne cultivada em laboratório ocorra, células-tronco são obtidas a partir do embrião ou do músculo esquelético do animal. Em seguida, essas células são cultivadas em uma estrutura chamada biorreator, para isso é utilizado um meio de cultura celular que irá fornecer os suprimentos necessários para que o crescimento e proliferação celular ocorra. Além disso, são adicionados estruturas chamadas de micro transportadores, são nessas estruturas que as células se aderem e formam fibras musculares especificas e mais largas, gerando diferentes tipos de carne.
Contudo, apesar de todos os benefícios supracitados, o custo de produção ainda é elevado. Em 2013, uma empresa holandesa produziu uma carne de hambúrguer durante o período de três meses, com um custo total de 330 mil dólares (aproximadamente um milhão e setecentos mil reais). Porém, é esperado que futuramente esse custo possa ser reduzido com o desenvolvimento de novas tecnologias e redução de custos com o aprimoramento da técnica utilizada.
Por: Cleiton Santos
REFERÊNCIAS
DOS SANTOS, H. S.. Ciclo celular. Biologia Net, 2021. <Disponível em: https://www.biologianet.com/biologia-celular/ciclo-celular.htm>
GRILLI, M.. Agropecuária foi responsável por 73% da emissão de CO2 do Brasil em 2019. Globo Rural, 2020. <Disponível em: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2020/11/brasil-emitiu-217-bilhoes-de-toneladas-de-co2-em-2019-96-mais-que-em-2018.html#:~:text=Sustentabilidade-,Agropecu%C3%A1ria%20foi%20respons%C3%A1vel%20por%2073%25%20da%20emiss%C3%A3o,CO2%20do%20Brasil%20em%202019 >
SUZUKI, R.. Carne cultivada em laboratório: o futuro da produção de carne?. Scot Consultoria, 2021. <Disponível em: https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/53877/carne-cultivada-em-laboratorio:-o-futuro-da-producao-de-carne>
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