Você sabia que a vida na terra não existiria como conhecemos hoje sem as abelhas?
Esses pequenos insetos são os principais responsáveis por um serviço ecossistêmico fundamental para a dispersão das plantas: a polinização. Esse fenômeno pode ser traduzido como a chegada do grão de pólen que contém as células com material genético masculino da flor, para o estigma (parte feminina) de outra flor, garantido variabilidade genética (Freitas & Imperatriz-Fonseca, 2005). Sem esse serviço que gera em todo o planeta cerca de 117 bilhões de dólares, a dispersão e consequente diversidade de plantas não seria possível, pois é principalmente por meio da polinização que é possível para as plantas formar as sementes, garantindo novas gerações (Ruggiero & Healy, 2002; Freitas & Imperatriz-Fonseca, 2005). A esse respeito, é destacado que com a participação de agentes polinizadores (abelhas, besouros, aves, vento, água, gravidade, etc), há melhora a produtividade nas produções de plantas, aumento no tamanho, qualidade e número dos frutos, havendo claro impacto econômico (Peruzzolo et al, 2019).
Além disso, destaca-se que as abelhas produtoras de mel são bioindicadoras de qualidade ambiental, ou seja sua presença indica que aquele ambiente está em boas condições (Barbosa et al, 2017). Nesse sentido, é fundamental a preservação de ambientes naturais e também a diminuição do uso de agrotóxicos em ambientes cultivados. Nos últimos anos diversos agrotóxicos vem sendo proibidos na Europa, enquanto o Brasil tomou o caminho contrário, muitos deles como os neonicotinoides afetam diretamente as abelhas. Os agrotóxicos são substâncias usadas na defesa das plantas contra diferentes agentes que possam causar danos às plantas, sejam microrganismos ou animais (Belchior et al, 2017; Tavares et al, 2020).
Os impactos das mudanças climáticas sob o agentes polinizadores
As abelhas são impactadas diretamente pelas mudanças climáticas, estima-se perda de diversidade desses insetos na Rússia, Estados Unidos, Canadá e América Latina (Ruggiero & Healy, 2002). Um impacto destacado causado pelas mudanças climáticas é a alteração temporal do encontro planta-polinizador, ou seja, o tempo de floração das plantas pode mudar e haver um desencontro com o polinizador- principalmente as abelhas. Sem uma sincronia, o processo de polinização pode ser afetado e prejudicar as produções e cultivares, ameaçando a segurança alimentar em todo o planeta (Fogaça, 2022; Garrat et al, 2014).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Freitas, BM & Imperatriz-Fonseca, VL. A importância econômica da polinização. Mensagem Doce, v. 80, p. 44-46, 2005
Ruggiero, M & Healy, M. The US Federal Conservation Agency’s interest in saving wild pollinators. Pollinating Bees: The Conservation Link Between Agriculture and Nature. Ministry of Environment, Brazil, 29-35, 2002
Peruzzolo, MC et al. Polinização e produtividade do café no Brasil. Pubvet, v.13, n.4, p. 1-6, 2019
Barbosa, DB et al. As abelhas e seus serviços ecossistêmicos de polinização. Rev. Elet. Cient. UERGS. v.3, n.4, p.694-703, 2017
Belchior, DCV et al. Impactos de agrotóxicos sobre o meio ambiente e a saúde humana. Cadernos de Ciência & Tecnologia. v. 34, n. 1, p. 135-151, 2017
Tavares, DCG et al. Utilização de agrotóxicos no Brasil e sua correlação com intoxicações. Revista S&G. v.15, n.1 p.2-10, 2020
Fogaça, TM. Mudanças climáticas e seus efeitos na polinização e nos polinizadores. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para o Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2022
Garrat, MPD et al. Avoiding a bad apple: insect pollination enhances fruit quality and economic value. Agriculture, Ecosystems and Environment, p.34-40, 2014
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