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Ao adentrarmos na temática do desenvolvimento sustentável e do cuidado da terra para alcançarmos uma maior soberania alimentar e nutricional, não podemos deixar de falar sobre a Agroecologia e toda a sua relevância política, através das diversas práticas de produção consciente, sem a utilização de transgênicos, agrotóxicos e insumos químicos, buscando, dessa forma, reduzir os impactos ambientais e sociais. Diante disso, podemos analisar a importância da assistência a Agricultura Familiar, aos Ribeirinhos e aos Povos Originários, através do fortalecimento e da implementação de políticas públicas para essas pessoas, visando impulsionar a preservação das suas culturas e do meio ambiente.
A Agroecologia significa estudo da terra cultivável, do local em que vivemos e dos seres vivos em seu meio, assim como suas relações ecológicas. Visa a manutenção da saúde individual, coletiva e ambiental, tendo em vista que é uma forma de produção mais consciente, que busca não alterar o ecossistema de forma negativa e sim contribuir para sua regeneração, assegurando, dessa forma, a preservação e conservação da biodiversidade.
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Podemos subdividir a Agroecologia em alguns eixos, tais como a orgânica e biológica, a biodinâmica, a natural e a permacultura. Independente de qual método você adote, em suma, essa prática visa a renovação natural do solo, o aumento da biodiversidade, o aumento de fertilidade, a produção de alimentos saudáveis, a valorização da cultura local, a geração de renda, o fortalecimento da juventude rural, a participação da mulher na produção, igualdade de gênero, a melhoria da qualidade de vida e, por último, mas não menos importante, o equilíbrio ecológico.
Esse método de produção tem alguns princípios norteadores que seriam os sociais, os culturais, os ecológicos e os éticos e possui como motivações, dentre outras, o avanço da mecanização no campo na década de 70 e a busca por alternativas mais ecológicas.
Diante disso, temos produtos de diversas qualidades, sendo que o Produto advindo da Agricultura Natural e Agroecológica é o mais sadio entre eles, seguido pelos Produtos Orgânicos, o Produto Sustentável e por fim, o Produto Convencional, que costuma ser o menos recomendado pra a saúde e o mais danoso ao meio ambiente.
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Somente para elucidar, o produto Orgânico, por mais que ele vise a não utilização de agrotóxicos e pesticidas, assim como transgênicos, ele pode ser fruto de monoculturas, já os produtos Agroecológicos seguem uma filosofia mais ampla, pois visa a diversificação de culturas, respeitando as relações interespecíficas e o perfil biológico de cada solo e bioma. Portanto, há selos pra certificar e diferenciar esses produtos, lembrando que todo alimento Agroecológico é um alimento Orgânico, mas nem todo alimento Orgânico é Agroecológico. E há uma grande discussão acerca desses selos, pois como há uma certa burocracia e legislação envolvida, que acabam encarecendo muito os produtos que vão até o mercado, esses produtos se tornam pouco acessíveis por apresentarem um custo muito maior, o que restringe os consumidores a uma parcela mais afortunada, portanto, quem não tem uma melhor condição financeira acaba sendo obrigado a consumir os transgênicos, que são menos custosos por conta dessa política excludente, que não visa a saúde das pessoas, e sim o lucro a qualquer custo.
Uma alternativa aos transgênicos são as feiras que ocorrem na cidade, em que os produtos costumam ser mais acessíveis e promovem, em sua maioria, alimentos de qualidade, mas ao mesmo tempo, o consumidor acaba não tendo a certeza da procedência do alimento e das práticas utilizadas na sua produção, sendo necessária a confiança na palavra do produtor (que nem sempre sabe distinguir o Orgânico do Agroecológico e vez ou outra ainda podem utilizar algum insumo químico ou pesticida, associando a produção convencional somente ao uso de transgênicos).
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Existem algumas práticas que são amplamente utilizadas na Produção Agroecológica, tais como o consórcio de culturas, que é o plantio de algumas espécies numa mesma área que podem interagir de forma benéfica entre si, a rotação de culturas, que é uma prática utilizada pra não lixiviar o solo e devolver pra ele os nutrientes, dessa forma, não degradando a área utilizada e possibilitando perpetuar o plantio no mesmo local, alternando a espécie cultivada, a cobertura morta (comumente conhecida como forragem), que é utilizada pra diminuir a evapotranspiração do solo, reduzir a incidência dos raios solares, reduzir a perda de nutrientes e a compactação do solo pela irrigação, manter o solo com maior umidade, além de favorecer a microbiota local, criando micro ecossistemas para esses seres, e a adubação orgânica, que consiste em adubar, ou seja, decompor a matéria orgânica e torna-la um solo fértil para uso (lembrando que os cítricos, assim como a cebola, o alho, e os alimentos gordurosos podem ser danosos para a fertilidade do solo, pois afetam o seu Ph e os seres decompositores, como os fungos e as minhocas, no caso dos minhocários).
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Podemos fazer um comparativo entre as práticas utilizadas em dois sistemas de produção distintos e antagônicos, por exemplo, no Agronegócio temos a priorização da monocultura, da mecanização do trabalho, da produção visando a exportação e os commodities, do uso de agrotóxicos e transgênicos na produção e ocorre em sua grande maioria em grandes propriedades e latifúndios. Já a Agroecologia ela visa um cultivo diversificado, em que há o trabalhador rural inserido na produção, a sua produção visa primeiramente abastecer o mercado interno, utiliza dos fertilizantes orgânicos para adubação do solo, utiliza de sementes nativas e sem aditivos e ocorre em grande maioria em pequenas propriedades familiares, como minifúndios.
A sustentabilidade ecológica, ética, econômica, social, política e cultural são valores
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que permeiam a Agroecologia, e na sua fundamentação, é imprescindível que haja a integração entre os saberes acadêmicos e os populares, valorizando ambos, para enfim, termos um maior empoderamento rural através desse olhar de cooperação, solidariedade e autogestão. Diante disso, é importante termos em vista a representatividade social que esse movimento traz, com todos os saberes e referências dos povos originários, dos povos ribeirinhos, dos quilombos, das comunidades tradicionais e da agricultura familiar, que sempre visaram e enalteceram o cuidado com a terra, a água e o ar e zelam pelo cooperativismo e por uma economia mais solidária. É a partir desse pensamento que podemos relacionar o Eco a uma ação construtiva, que enxerga o ser humano como um organismo inteligente que integra o planeta em conjunto com tantos outros, e perceber o contraste do Ego como uma ação destrutiva, que enxerga o ser humano acima de todos os outros seres, assim como os seus interesses econômicos.
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Há comprovado pela história uma relação muito estreita entre a agricultura e as mulheres, pois foram elas que descobriram como se cultivar as plantas, isso pode ser explicado pois na época dos caçadores coletores, os homens em sua maioria eram designados para a caça e já as mulheres para colher os frutos, e essa proximidade com o ciclo da terra possibilitou a compreensão de que uma árvore surgia da semente, o que promoveu a estabilidade e sedentarismo em determinado local, pois não havia mais a necessidade de uma vida nômade em busca de recursos naturais para se manter, já que eles poderiam ser cultivados. Diante disso, na Agroecologia, há uma forte representatividade social das mulheres, assim como uma grande discussão de gênero e de classe, pois essa prática aumenta a autonomia social e econômica, além de influenciar no poder de decisão em relação à terra, aos cultivos e a comercialização, podemos então dizer que não seria possível existir a Agroecologia sem a participação das mulheres.
A juventude também possui grande importância na Agroecologia, pois mantém a “chama viva” desses saberes ancestrais, porém há uma adversidade encontrada atualmente que é a evasão dos jovens do campo em busca de uma melhor qualidade de vida e de oportunidades, o que é triste, porém compreensível, pois o camponês não é muito bem visto socialmente falando, nem remunerado, o que poderia ser mudado com políticas afirmativas de incentivo e com um maior envolvimento das instituições públicas e privadas com os trabalhadores e comunidades rurais.
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A Agricultura Familiar pode ser uma boa opção para um desenvolvimento mais coerente e coeso, pois preserva a comunidade e seus costumes, reduz o êxodo rural, e promove a segurança alimentar e nutricional, a disponibilidade e acesso à informação, a fonte de recursos para as famílias, a geração de riquezas na economia, a ocupação e emprego no campo, a sustentabilidade ambiental e a preservação das espécies de plantas e animais nativos.
Por fim, existem algumas políticas públicas que poderiam auxiliar todos que se beneficiam ou que podem se beneficiar da Agroecologia, como a promoção dessa prática de produção sustentável com projetos que ajudem a financiar, gerenciar e distribuir os alimentos, como o “aqui tem agricultura familiar” e o “fome zero”, assim como o investimento em sua infraestrutura. Outras possibilidades seriam o fomento ao mercado interno visando soberania alimentar e segurança nutricional dos brasileiros, a valorização dos saberes tradicionais, o empoderamento dos pequenos produtores através de, por exemplo, a aquisição de alimentos agroecológicos por ação municipal e uma melhor organização social da produção agrícola, esse conjunto de ações poderiam favorecer o terreno para que a Agroecologia seja implementada com mais eficiência e facilidade, trazendo uma perspectiva mais ecológica e sustentável para o nosso modelo de produção.
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Importante lembrar...
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-Tuan Jurberg da Silva
Referências e Indicações
BORGES, S., CURADO, F., MEDEIROS, S. D. S., & SOUZA, F. (2015). Sistema agropecuário sustentável: conjunto de tecnologias, boas práticas e saberes locais para a produção vegetal e animal. Embrapa Tabuleiros Costeiros-Fôlder/Folheto/Cartilha (INFOTECA-E).
KRENAK, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Editora Companhia das Letras.
MOURA, I. F. (2015). Antecedentes e aspectos fundantes da agroecologia e da produção orgânica na agenda das políticas públicas no Brasil. Repositório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
PRIMAVESI, A. (2006). Cartilha do solo. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 177.
VAN LENGER, J. (1996). Manual do arquiteto descalço. Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura.
https://www.youtube.com/watch?v=-I6OnQfn9Ik - Documentário Liberte o Futuro de Eliane Brum
https://www.youtube.com/watch?v=fm4j0wdmiig - HISTÓRIA DA AGRICULTURA - Fundamentos de Agroecologia, 2020
https://www.youtube.com/watch?v=qV-k1WQoY_s - INCENTIVOS AOS PEQUENOS PRODUTORES Fundamentos de agroecologia, 2020
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