O que é evolução?
No modo de produção de conhecimento chamado Ciência, é preciso organizar evidências (prova empírica) e gerar uma ou mais hipóteses, que precedem uma teoria, sendo esta a responsável por agrupar um conjunto de afirmações que respondem a uma pergunta (CHIBENI, 2004).
A Teoria da Evolução é resultado de uma longa busca para responder a seguinte pergunta: de onde a diversidade de espécies veio, e como estas se modificam?
A “Seleção Natural”, principal componente e conceito-chave da Teoria da Evolução, é definida como o fenômeno onde o ambiente seleciona os organismos melhores adaptados por diferentes pressões seletivas (adversidades), o que os permitem formar descendências (MATIOLI, 2021). Apesar de ser conhecida como “Teoria da Evolução”, sabe-se que a Evolução pode ser observada e testada empiricamente, o que a classifica como uma verdade científica, e não uma especulação, somente. Vamos observar exemplificações mais abaixo.
Principais idealizadores da teoria da evolução e seus antecedentes
A Teoria da Evolução surge após uma árdua batalha entre os que sugeriam a vida enquanto forma que se modifica com o tempo, chamados de evolucionistas, e os mais tradicionais, que afirmavam que a vida é estática e não muda em sua essência ou forma, ficando conhecidos como fixistas, estes normalmente relacionados a religiões de origem abraâmica que pregam o criacionismo. Esse conflito teve o auge durante o século XVII, até que os evolucionistas conseguiram hegemonia no século XVIII e XIX, mesmo sendo perseguidos por parte de fundamentalistas religiosos até hoje (MOREIRA, 2015).
O principal teórico da Evolução foi Charles Darwin (1809-1882), naturalista britânico que observou a relação entre diferentes espécies e seus habitats, e esquematizou a origem em comum de toda a vida e suas implicações em como estas mudam com o tempo. Sua contribuição mais famosa é a já explicada Seleção Natural, oriunda da observação de diferentes espécies de tentilhões nas Ilhas Galápagos, um dos pontos de parada das extensas expedições que Darwin participou (DARWIN, 2009).
Mesmo com Charles Darwin sendo o contribuinte mais famoso da Teoria da Evolução, outros cientistas também participaram do processo de construção. Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829), que viveu seu auge no século anterior ao nascimento de Darwin, ganhou notoriedade ao explicar a evolução através do “uso e desuso”, que ficou conhecido como “lamarckismo”, onde as características mais usadas de um organismo são passadas para gerações futuras, enquanto as menos utilizados não o são. Detonado pela comunidade científica da época, hoje sabe-se que ele pode não ter estado totalmente equivocado, ao passo em que estudos em epigenética e áreas semelhantes tomam algumas de suas afirmações como verdade (ALMEIDA, 2010).
Alfred Wallace (1823-1913), naturalista contemporâneo de Darwin também britânico, chegou às mesmas conclusões que o colega e ambos as apresentaram juntos na Linnean Society of London. Vale destacar a importância do advogado e geólogo Charles Lyell (1797-1875), que defendeu o uniformitarismo, o qual é a ideia de que a Terra está em constante mudança através de processos trabalhosos, e que estes processos também podem afetar a vida presente nela.
Exemplificando a Teoria da Evolução
A Teoria da Evolução pode ser utilizada para explicar desde organismos macroscópicos, como microscópicos. Exemplos famosos são:
(1) Registros fósseis
Os registros fósseis - evidência de vida em diferentes meios da natureza - podem revelar diferentes estágios de um organismo ao longo de sua evolução.
Crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo do Brasil
(2) Mariposas Biston betularia
Por causa dos efeitos da Revolução Industrial, a população de mariposas Biston betularia em Manchester (ENG) do século XIX inverteu a porcentagem de espécimes brancas e pretas. Com a fuligem gerada pelas fábricas, a cor branca já não era tão vantajosa assim (LEES, 1975).
(3) Bactérias e antibióticos
O uso de antibióticos para eliminar bactérias danosas ao organismo gera uma pressão seletiva na população bacteriana atingida, o que gera a sobrevivência das mais adaptadas e posteriormente o surgimento de populações mais resistentes aos antibióticos atuais (PARELHO, 2018).
A Teoria da Evolução no tempo
Assim como qualquer teoria científica, a Teoria da Evolução se mostrou disponível à expansão ao longo do tempo. Indiretamente, teóricos do campo da Genética ajudaram a formar a Teoria Sintética da Evolução, onde conceitos importantíssimos ajudaram a detalhar como a evolução se manifesta a nível alélico. Alguns conceitos são: mutação (alteração genética a nível nucleotídico), populações (separação com base em semelhança entre espécies num mesmo nicho ecológico) e frequências gênicas (método de contabilizar determinado gene ou grupo de genes). É válido ler sobre o campo da Genética para compreender a maneira com que a Teoria da Evolução ganhou as proporções a aplicações que temos hoje.
A partir do neodarwinismo proposto por Ernst Mayr, Theodosius Dobzhansky e os cientistas abaixo, a evolução torna-se teoria unificadora da Biologia.
Referências bibliográficas:
ALMEIDA, Argus Vasconcelos de; FALCÃO, Jorge Tarcísio da Rocha. As teorias de Lamarck e Darwin nos livros didáticos de Biologia no Brasil. Ciência & Educação (Bauru), v. 16, p. 649-665, 2010.
LEES, D. R.; CREED, E. R. Industrial melanism in Biston betularia: the role of selective predation. The Journal of Animal Ecology, p. 67-83, 1975.
CHIBENI, Silvio Seno. O que é ciência. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, 2004.
DARWIN, Charles. A origem das espécies. 2009.
MATIOLI, Sergio Russo et al. Seleção natural. Genética na Escola, v. 16, n. 1, p. 12-19, 2021.
MOREIRA, Catarina. Fixismo. Revista de Ciência Elementar, v. 3, n. 4, 2015.
PARELHO, Carolina Paula Furtado de Medeiros; RODRIGUES, Armindo; GARCIA, Patrícia. Resistência a antibióticos: um problema de saúde pública, animal e ambiental. Açoriano Oriental, p. 24-25, 2018.
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